Quando ainda só havia as coleiras estrangularas para resolver o problema dos cães puxarem na trela, havia um treinador descontente com esta solução. Por acaso, cruzou-se na internet com um video de um cão a puxar imenso, colocavam-lhe um arnês de prender à frente e o cão, no momento seguinte, deixava de puxar à trela como por milagre.

O nosso treinador achou aquilo uma “americanice”, mas pagou para ver, mandou vir um arnês dos Estados Unidos da América para experimentar. Ficou perplexo com o facto do arnês realmente resultar. Na altura, treinava uma Boxer que puxava imenso e assim que experimentou o arnês, a dona já não o quis devolver. Vendeu assim, o seu primeiro arnês anti-puxão.

Após este episódio, o nosso treinador quis comprar mais arneses daqueles, mas não havia, na altura, à venda. Um dia encontrou estes arneses à venda numa loja por um preço extraordinariamente baixo, comprou-os a todos. A senhora que trabalhava na loja perguntou se ele tinha a certeza que queria levar todos, porque ela não os conseguia vender de maneira nenhuma, daí estarem com um preço tão baixo. O nosso treinador respondeu que só sabendo para que servem é que as pessoas os comprariam. Mas na altura, ninguém os conhecia. Chegou a pedir a um amigo, que investia em produtos “Made in China”, na altura das “Galinhas Gordas” e das “Lojas dos 300”, para fazer uma remessa de arneses na China, estes eram uma cópia do que já existia. Venderam-se cerca de 5 mil arneses em 5 anos. Mas o que já existia no mercado não satisfazia o nosso treinador: descaiam nas patas à frente, faziam prurido nas axilas e não resultavam assim tão bem em alguns cães. Assim, nasceu a necessidade de fazer os seus próprios arneses.

Correu as lojas fornecedoras de sapateiros, costureiras e afins para encontrar a matéria prima para as primeiras experiências. Correu Lisboa inteira e arredores para arranjar o que necessitava. Por fim, encontrou alguém que lhe cosesse os arneses, na altura, ainda à máquina. Fez vários protótipos que experimentou nos seus cães.

Não estava satisfeito com nenhum.

Até que voltou a pegar num primeiro modelo que tinha feito, mas que, nestes primeiros tempos, tinha posto de lado por achar que era demasiado sem graça. Com os restantes a falharem nos testes, experimentou este no seu Labrador e foi, novamente, milagroso. O arnês assentava perfeitamente no cão, resultava e colmatava todos os problemas. O design estava, portanto, escolhido.

Entrámos, assim, na terceira parte deste processo, e, sem dúvida, a mais trabalhosa: a escolha dos materiais. Os alunos da EducaCão serviram de cobaias. Depressa nos apercebemos que as costuras à máquina não nos satisfaziam, descosiam e não nos davam a segurança necessária para um arnês que se quer funcional e resistente. Descobrimos, então, o correeiro que veio revolucionar os nossos arneses, passando assim para costuras à mão, ultra-resistentes. Por outro lado, as ferragens em níquel partiam em alguns cães e enferrujavam. Depois de muitas horas de pesquisa, descobrimos um fornecedor de ferragens em liga de bronze.

Quando começámos a experimentá-las, um amigo, que tinha feito provas de trenó com cães, disse-nos que eram aquelas mesmas ferragens que eram usadas nestas provas pela sua resistência e por não prenderem nem com o gelo nem com a areia.

Chegámos assim, finalmente, ao nosso arnês: funcional, resistente, não enferruja, resistente ao gelo e à areia. Só não resiste às dentadas dos cães. Aos poucos foram surgindo novos produtos, novas soluções: trela multifunções, trelas simples, trelas longas, coleiras, acessório para dois cães, acessórios de segurança para o carro. E neste momento, temos novos artigos em laboratório. Sempre que um cliente ou colega nos chega com um problema, o nosso treinador coloca a sua criatividade e 30 anos de experiência como treinador de cães em prol da função, conforto e segurança. Apesar de toda esta evolução, por vezes, chegam-nos arneses dos primeiros, ainda cosidos à mão, ainda com ferragens de níquel em óptimas condições – mérito de quem os cuida bem.

É com enorme satisfação que vemos quem nos comprou um, voltar a comprar o segundo, o terceiro, para o cão da mãe, da amiga e da vizinha. Obrigado a todos que tornam a DogTools diariamente uma realidade saída do sonho do nosso treinador:

Fernando Silva